sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Devaneio

É como se pensamentos e emoções - constantemente articulados- transbordassem dúvidas já respondidas, mas das quais não se afastaram as interrogações.
Como se a lagoa perene na qual se descansava há um segundo, agora apresentasse ressacas e correntezas contra as quais estamos nós mesmos, a nos saciar e a nos afogar.
A calmaria aparente, retratada na parede das lembranças mais recentes, desmorona e se desintegra. Organizam-se quadros caóticos, não assinados, evitados. Não se pode ignorá-los.
Somos emoção, somos razão. Somos lagoa, somos mar, somos oceano, somos goteira, somos deserto (de certo!). Ainda que ao sobrarmos pensemo-nos tudo, em verdade nada somos, senão, sertão.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Dia de merda

É aquele dia em que você não se coube,em que você não se quis - você está cheio de si, de tão vazio que se fez.
É quando você não sorriu, como não conseguiu derramar o pranto que os olhos quiseram - de lá ele retornava.
É aquele dia em que sol te queima e a chuva que você deseja, quando vem, não refresca - quando a chuva chove dentro, a chuva abafa, a chuva sufoca.
É quando você se imagina abandonando o seu mundo. Correndo, gritando, chorando - e não chora.
É aquele dia em que talvez você queira que sua angústia ecoe, incomode ou ao menos soe - e se mantém atônito, indignado e incapaz.
É quando suas emoções te transbordam e ainda assim tudo o que você é, pensa e diz
falta.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

"Inacreditável, eu me sinto confortável ao lado seu...
É que eu não sabia que a vida me traria o que jamais me deu."

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Magoar alguém querido com as próprias palavras pode resultar num peso maior do que se consegue carregar em silêncio e em pé.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Legal mesmo é estar num

... dilúvio de emoção.
Invadido de dúvida,
rodeado de inquietação.
Despreendido
Achado ou Perdido.
Não incomoda
Não retarda
Não estaciona...
Pulsiona.
Movimenta
Impressiona
Experimenta!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dizer

To falando de infinitas coisas.
Falo de incômodo, inquietude, insegurança.
To falando de alguma coisa.
Falo de amor, amizade, angústia, arrepio.
To falando dessas coisas.
Falo de desespero, desgosto, descanso.
To falando de dizer.
Falo de sempre ter falado, mas nunca dito.





Não quero por título aqui


Seguindo passos de esperança investida no outro, encontra-se o labirinto de si.
Conversando com o outro, (des)cobre-se a própria verdade.
Mirando-se no espelho se reconhece que  não há verdade a ser des-in-re-coberta.
De pulsão, desejo e abstração é que somos feitos.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Segura

Eu tenho um outro blog, um diário, uma irmã linda e outras fontes de confidência às quais eu poderia me apegar agora. É que eu não quero.
Aqui tem cheirinho de novo, carinha de mistério, tem todo um ar particular... Me sinto segura.
Segura...
Falar de segurança hoje é engraçado. Contraditório, novo, bonitinho, fofo, inesperado, enfim.

Descobre-se que em braços recentes, em colo pouco conhecido e ao som de palavras ainda não familiares, é possível sentir-se seguro.
A noite, indaga-se que talvez aconteça o mesmo com o lado de lá. Afinal, ainda que em face de um novo rosto, de um novo jeito de olhar, de uma voz diferente, pode haver confiança e então lá estará ela, a segurança.

Mais uma vez... simples, bonito, bom... Tem gente que faz bem encontrar. Agrega sorriso, brilho e um tanto de não-se-sabe-exatamente-o-quê mas que quando se vai ver, percebe-se que fazia falta.
E no fim do dia é gostoso ter se colocado à disposição de alguém de quem realmente queremos estar ao lado.

As vezes é assim... Hoje!
Não tão breve quanto antes, mas novo e mesmo assim, seguro.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Esperar tanto

 ...pra que seus anseios sejam atendidos e suprimir receosa ao perceber a realização se aproximar.
E assim se faz a vida. Linda.

Vai ver que...

...não precise de anos de companhia e intimidade pra que um abraço apertado e bem vindo te conforte de alguma maneira diferente.
Quem sabe não se precise de histórias e mais histórias juntos pra que a noite seja memorável.
Pode ser que mesmo não se tratando do universal e único 'Amor', o carinho ou respeito que se compartilhou já sejam valiosos e especiais.
Por ora, alivia-se ao acreditar que indispensáveis mesmo se façam o coração aberto e a alma entregue para que, por singelo e breve que tenha sido, ainda valha a pena.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Tentativa e Erro

Mudar de blog. Mudar.
Não significa mudar de personalidade.
Não se trata de buscar mudanças realmente marcantes na minha vida.
Não quer dizer que eu esteja vivendo uma faxina aqui dentro.
Não é para que minha vida se refaça em sentidos.
Não significa. Não quer dizer. Não diz.
Mudei por mudar. Por não mais me encaixar. Por não mais me querer. Por não me saber.
Para sempre ou por enquanto. Não sei pra quê, nem sei até quando.
Tentativa e erro.
Até que eu ache que tudo se colocou de volta ao lugar.
Até que eu admita que nada tenha lugar certo. Acerto.
Eu não tenho que saber. Ainda que eu queira, não devo, não preciso, não sei.
Viver de certeza é vazio, é impossível. Engana, ilude, amputa.
Viver de dúvida pode ser tão vazio e incapacitante quanto.
Depende de como se vive.
Depende de querer viver.
Depende de não ter do que depender.
Eu não sei do que eu to falando.
Pode ser que eu esteja atrás de privacidade. Não sei.
Que privacidade se busca em lugares como esse?!
Quadro branco... Aqui me permito e me proíbo escrever.
Quem sabe um dia eu me permita falar.
Quem sabe quando, aprendo a viver.
Quem sabe, talvez, eu consiga me ver.
Meu diário se cansou de mim. Eu não confio mais no meu diário.
Nem em mim. Em ninguém.
Não confio.
Desconfio.
Confio.
Confino.

domingo, 26 de agosto de 2012

O vento vai dizer o que virá
e se chover demais,
a gente vai saber, claro de um trovão,
se alguém depois sorrir então...

sábado, 18 de agosto de 2012

Ah se eu soubesse...

"Ah, se eu pudesse, não caía na tua conversa mole outra vez,
Não dava mole a tua pessoa, te abandonava prostrado aos meus pés,
Fugia nos braços de um outro rapaz.
Mas acontece que eu sorri para ti, e aí... larari larara lariri, lariri... ♪ "

aaaaaaaaah Chico. Você é que sabe, né.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Acreditar ter o texto perfeito em mente e perdê-lo todo dentro de você ao enfrentar esse enorme quadrado branco.
Não, não é drama. É desespero mesmo.

domingo, 5 de agosto de 2012

T

Hoje é um daqueles dias que com o passar do tempo ficam menos frequentes, mas não deixam de existir, pra que eu não consiga totalmente esquecer.

sábado, 28 de julho de 2012


"Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar."

(Gonçalves Dias)


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Nonsense


"Amanhã, outro dia. 
Lua sai, ventania abraça uma nuvem que passa no ar, beija, brinca e deixa passar...
E no ar de outro dia, meu olhar surgia nas pontas de estrelas perdidas no mar, 
pra chover de emoção, trovejar... ♪"
(Djavan - Lilás)


Eu queria falar de como eu acho que escrever é colocar frente a frente razão e emoção, e por isso tantas vezes nos esclarece as ideias ou aflora os sentimentos. Queria desenvolver os argumentos, exemplos, pensamentos pra que eu chegasse em qualquer conclusão que me justificasse o momento. Acontece que várias vezes eu me pego desvivendo o que eu acredito, me confundindo nas minhas opiniões e me afogando em meus sentimentos. 
Dias como hoje são assim. Dias em que eu gostaria de escrever sobre a própria escrita e suas potencialidades revitalizantes. Quem sabe mudasse a cara do meu dia se eu falasse do ato de escrever, que talvez seja a verdadeira "auto-ajuda", feita por nós mesmos e, apesar de algumas vezes ser forjadamente para os outros, ser em verdade essencialmente para nós. 
Então me encontrei ainda mais confusa e insegura sobre minhas opiniões. Acontece que palavrear meus argumentos trairiam minhas percepções, já que eu não as tive em palavras, mas em devaneios e pensamentos. Como reproduzi-las?! Razão e emoção sendo confrontadas literalmente. Sentimentos desordenados traduzidos e (sub)traídos em palavras que não querem se organizar e se limitar entre aspas, parênteses, vírgulas e exclamações. Eu até prefiro as reticências...
 E ao tentar acreditar que o dia de amanhã será melhor para escrever a minha defesa da escrita, a primeira música querida que me vem a cabeça já me pareceu melhor e mais apropriada que qualquer (pre)texto de desabafo argumentação que eu pudesse deitar sobre esse quadro branco virtual. Sendo assim deixei tanto o trecho da música, quanto a tentativa de texto juntas, dividindo o mesmo espaço nessa página do blog. Para que assim como aqui em mim, ou "lá" onde sou labirinto, e também nesse espaço em que transcrevo e escrevo, nada disso faça sentido ou sequer tenha explicação.
E  eu continuo tendo fé no amanhã.

quarta-feira, 11 de julho de 2012


No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...

Ah!, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos...

Mas Graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma coisa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma coisa a menos,
E deve haver muita coisa
Para termos muito que ver e ouvir...

ALBERTO CAEIRO, óbvio.

Pessoa e as cores


Pensei comigo mesma em ler qualquer coisa de Fernando Pessoa antes de sair de casa. Fui pra um site super maneiro em que só da ele e escolhi Alberto Caeiro. La cliquei no primeiro link que apareceu e dentre os infinitos tópicos que se abriram escolhi aleatoriamente o que me direcionou pra esse poema. Para hoje, eu sei que nenhum outro se encaixaria tão perfeitamente em como eu me sinto. Todo o resto, Pessoa (Caeiro), fala por mim.

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move.
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor. 
(Alberto Caeiro)

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move.
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Sobre Palavras, Silêncio e Música

Palavras são valiosas. Afiadas e certeiras. Cortam, riscam, afinam e desafinam. Nos moldam, nos constroem, cercam, prendem e simulam nos libertar. As palavras nos chegam das mais distintas formas e nos alcançam com pontualidade misteriosa. São sempre guiadas pela magnitude imensurável da vida. 
Palavras de mãe são como profecias ou como a própria voz de Deus a nos aconselhar. Palavras de pai são convites à razão e provocações à vaidade que nos incomodam e clareiam o tino. As palavras de namorados, a experiência pessoal me impede de afirmar como parecem, mas rabisco aqui o palpite de que  embora pareçam doces, sejam também quentes e inconstantes. Palavras de amigos são afagos à alma, são pedaços de nuvens, revestidas de sonhos, ou tijolinhos de consciência, mas elas são invariavelmente acompanhadas de afeto e pulsão.
Vindas de todos os lados as palavras chegam a nós com diferentes faces. Entregues por vozes agudas, graves, veladas, veludosas, são cetim em fitilhos de vida pela manhã ou amargas e cinzentas faíscas de decepções que levam o Sol a se por. 
Entregues em nossos colos despreparados para que as cuidemos, em situações de carência, agonia, desamparo e dor, as palavras nos fazem companhia e consolo. Entregues repentinamente chocam-se com nosso peito quando excedemos em euforia e soamos desrazoados, nos forçando a reencontrar realidades, as palavras nos trazem de volta ao chão. Carregadas de mensagens públicas ou particulares, as palavras nos são entregues até mesmo em silêncio. Esse sim, aliado companheiro. 
O silêncio entre aqueles íntimos que se permitem acompanhar calados, que se permitem dizer e confessar, em silêncio. Que silenciados encontram a liberdade de simplesmente "estarem". E que juntos silenciam para melhor se escutarem... 
O silêncio de nós mesmos para que aprendamos a nos ouvir melhor. Silêncio próprio para que nos acostumemos com a voz que ecoa de forma muito particular, para somente um ouvinte. Silêncio que nos ensurdece com seus gritos sobre onde, quando e quem somos. 
Esse silêncio desafiador que nos permite lembrar o som de nossa respiração, o ritmo de nossos passos... Nos levará a músicas ritmadas por lembranças de laços que encontrarão melodia em beijos e assegurarão harmonia em abraços.
Nossos passos, respiração, lembranças, beijos e abraços se encantarão com a voz aquecida e constante a cantar alguma familiar canção. Aquela composta pelo encontro que eles mesmos promoveram entre  palavras e silêncio. Que será cantada para aquele mesmo único ouvinte, e será finalmente materializada em nós pela mais afinada e infinita voz: a do coração.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Ontem ao luar
Nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste
O que era dor de uma paixão
Nada respondi
Calmo assim fiquei
Mas fitando azul do azul do céu
A lua azul e te mostrei
Mostrando a ti dos olhos meus correr senti
Uma nívea lágrima e assim te respondi
Fiquei a sorrir por ter o prazer de ver a lágrima nos olhos a sofrer
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mister sofrer para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunto ao luar travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
pergunto ao luar do mar a canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor
Sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe o monte a beira mar ao luar
Ouve a onda sobre a areia lacrimar

Ouve o silêncio de um calado coração
A falar da solidão
A penar a derramar os prantos seus
Ouve o choro perenal a dor silente universal
E a dor maior que a dor de Deus
Se tu queres mais
Saber a fonte dos meus ais
Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração
Ouve a inquietação da merencória pulsação
Busca saber qual a razão
Porque ele vive assim tão triste a suspirar
A palpitar em desesperação
Na teima de amar um insensível coração
Que a ninguém dirá no peito ingrato em que ele está
Mas que ao sepulcro fatalmente o levará

quarta-feira, 27 de junho de 2012

terça-feira, 26 de junho de 2012

Pra não variar.


Há dias em que não adianta forçar... Nem tudo "uma hora vai", nem tudo é só ficar insistindo e, felizmente ou não, nem sempre se trata apenas de boa vontade também.
Inspiração é tipo assim. Imaginação é mais ou menos isso. Não é como desemperrar janela, destrancar portas, pegar no sono ou gostar de cerveja. Nem tudo com uma dose de insistência, otimismo ou forçação de barra, acaba acontecendo.
Não é assim com a imaginação. Não é assim com a alma. Não é assim com tudo.
Há dias em que não adianta pensar em inovar, em revolucionar, em mudar.  Há dias que são cinzas. Nem todo dia sai o Sol. O Sol também descansa pra poder brilhar mais em dias seguintes... Para isso, há dias cinzas. 
Há dias em que algumas "manutenções" são necessárias, alguns recolhimentos também...
A inspiração não vem, o sono também não e simplesmente não se consegue escapar dos mesmos poemas, das mesmas canções, dos mesmos pensamentos. 
E apesar de quaisquer pesares, há dias em que os mesmos amores tornam-se os condutores que nos levam às mesmas dores, de nossos jardins roubam as mesmas flores... Há dias que em nossa própria casa,já não somos mais senhores...



Agora um pouco de Fernando Pessoa, pra não variar muito mesmo:

A minha vida é um barco abandonado 
Infiel, no ermo porto, ao seu destino. 
Por que não ergue ferro e segue o atino 
De navegar, casado com o seu fado? 

Ah! falta quem o lance ao mar, e alado 
Torne seu vulto em velas; peregrino 
Frescor de afastamento, no divino 
Amplexo da manhã, puro e salgado. 

Morto corpo da ação sem vontade 
Que o viva, vulto estéril de viver, 
Boiando à tona inútil da saudade. 

Os limos esverdeiam tua quilha, 
O vento embala-te sem te mover, 
E é para além do mar a ansiada Ilha. 

(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Timoneiro

(...)
Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida
Deus é quem faz governar
E quando alguém me pergunta
Como se faz pra nadar
Explico que eu não navego
Quem me navega é o mar
(...)
A rede do meu destino
Parece a de um pescador
Quando retorna vazia
Vem carregada de dor
Vivo num redemoinho
Deus bem sabe o que ele faz
A onda que me carrega
Ela mesma é quem me traz


Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar ♪
(Paulinho da Viola)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Não tem título

Sim, sou eu. Mas não somente. E não é o outro, definitivamente.
Não é, também, o ócio. Apesar dos pesares, falta mesmo tempo pra fazer tudo que há de ser feito.
Então sabe-se lá a causa desses pensamentos. Invasores pensamentos. Daqueles que agridem, mas o fazem sutilmente, com lentidão elegante, que ora você sente e sofre, ora você esquece e se conforta, até que eles voltem e você também volva a sofrer.
Nem são as lágrimas que me faltam... Dessa vez elas até chegam aos olhos, só são impedidas de saltarem.
Nem são as palavras que se perdem. Elas sobram, se recriam, se ressignificam.
Possivelmente - e provavelmente - sejam os excessos.
Sempre transbordamos dúvidas e inseguranças que nos atravessam e nos impedem de organizar os pensamentos, que se excedem e, como já sabemos, nos invadem.
E não são os excessos de sempre. Mas são sempre os excessos.
Vai ver não haja, para os excessos, as exceções.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Brinde à vida

É interessante pensarmos como a nossa vida nunca apresenta situações homogêneas. Ao respondermos diariamente dezenas de vezes que "está tudo bem" mentimos tanto quanto mentiríamos se disséssemos o exato oposto.  A gente reclama sobre o fato de ela não ser fácil -porque ela não é- e salientamos para as dificuldades que ela nos apresenta, colocando-as em papel central, fazendo parecer como se a vida fosse extremamente difícil - o que ela também não é.
Ela só é tanto nossa amiga, nossa conselheira, que sempre nos expõe a oportunidades para serem aproveitadas, escolhas para serem feitas, enquanto ainda temos frustrações a serem resolvidas, perdas a serem lamentadas, desculpas a serem pedidas, além de sonhos e aspirações a serem realizadas e alcançadas. Tudo ao mesmo tempo! Faz parecer que a vida está sempre brincando de "quem é mais forte" com a gente, quando na verdade ela está nos enveredando para o constante, e não necessariamente progressivo, amadurecimento.
A vida tanto nos tem como quistos, que por maiores e mais profundas que sejam nossas reclamações e tristezas - e muitas vezes elas são de fato colossais!-, ela não se esquece,  por mais raras e rápidas que sejam as vezes, de nos trazer em uma ou outra manhã, aquele refinado açúcar inglês em cubinhos para o nosso amargo café ou frio chá, para que não nos esqueçamos também de todo o requinte e todo o doce que, apesar de tudo,  ela sempre tem.
Não estou aqui para fazer o elogio à conformação e passividade em relação aos problemas que nos atravessam. Ao contrário! Mas deve-se admitir que há sempre um doce, um riso, ou um doce-riso que se tirar de nossas vivências, além do caríssimo e anestésico aprendizado.
O fato é que tão caros somos à vida, que apesar de inúmeras vezes sermos ingratos à ela, essa ousada companheira ainda insiste em nos brindar com as provas de que não estamos sozinhos, de que não temos porque sermos sozinhos, de que não precisamos infelizes, apresentando-nos diariamente sua natureza, seus sons, suas cores, compartilhando conosco suas dores, seus amores... evidenciando tudo aquilo e todos aqueles que encerram nosso maior tesouro e que, apesar de muitas vezes parecer que não iremos (re)encontrá-los, em verdade acabam permanecendo sempre no mesmo lugar, em sua principal, senão única morada, que é o nosso coração.

domingo, 13 de maio de 2012


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.

(Não Sei Quantas Almas Tenho,
 Fernando Pessoa)




Visita do Gui aqui em casa, ligações hilariaaantes do Cássio lá de Santos, um papo inesperado com o Dudinha e fazer a janta com a minha mãe... Meu sábado foi liindo, me deixou mais feliz.
Ainda não é completude, mas é algo diferente e bom o que eu estou sentindo.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

♪ Não sei porque somente agora você vem
vem para embaralhar os meus dias
e ainda tem uns saraus ao luar...
Meu coração, que você sem pensar,
hora brinca de inflar, hora esmaga...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Conheça todas a teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana. 
C. Jung

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Comemorar aniversário em Santos a noite passada: presente antecipado de aniversário.
Que noite mais linda nesse mundo.
Feliz demais, pela clareada que deu nas minhas ideias, pelas pessoas incríveis que Deus não cessa em colocar ao meu lado. Por dividir o aniversário com a Fer e perceber como foi importante pra ela... por cada segundo da noite. Com dias assim é que a semana muda de cara. Totalmente :)
"Não me falta a casa, só falta ela ser um lar."
"Não me falta a casa, só falta ela ser um lar."

domingo, 15 de abril de 2012

A liberdade é a possibilidade do isolamento.

A liberdade é a possibilidade do isolamento. És livre se podes afastar-te dos homens, sem que te obrigue a procurá-los a necessidade de dinheiro, ou a necessidade gregária, ou o amor, ou a glória, ou a curiosidade, que no silêncio e na solidão não podem ter alimento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo. Podes ter todas as grandezas do espírito, todas da alma: és um escravo nobre, ou um servo inteligente: não és livre. E não está contigo a tragédia, porque a tragédia de nasceres assim não é contigo, mas do Destino para si somente. Ai de ti, porém, se a opressão da vida, ela própria, te força a seres escravo. Ai de ti se, tendo nascido liberto, capaz de te bastares e de te separares, a penúria te força a conviveres. Essa, sim, é a tua tragédia, e a que trazes contigo.
Nascer liberto é a maior grandeza do homem, o que faz o ermitão humilde superior aos reis, e aos deuses mesmo, que se bastam pela força, mas não pelo desprezo dela.
A morte é uma libertação porque morrer é não precisar de outrem. O pobre escravo vê-se livre à força dos seus prazeres, das suas mágoas, da sua vida desejada e contínua. Vê-se livre o rei dos seus domínios, que não queria deixar. As que espalharam amor vêem-se livres dos triunfos que adoram. Os que venceram vêem-se livres das vitórias para que a sua vida se fadou.
Por isso a morte enobrece, veste de galas desconhecidas o pobre corpo absurdo. É que ali está um liberto, embora o não quisesse ser. É que ali não está um escravo, embora ele chorando perdesse a servidão. Como um rei cuja maior pompa é o seu nome de rei, e que pode ser risível como homem, mas como rei é superior, assim o morto pode ser disforme, mas é superior, porque a morte o libertou.
Fecho, cansado, as portas das minhas janelas, excluo o mundo e um momento tenho a liberdade. Amanhã voltarei a ser escravo; porém agora, só, sem necessidade de ninguém, receoso apenas que alguma voz ou presença venha interromper-me, tenho a minha pequena liberdade, os meus momentos de excelsis.
Na cadeira, aonde me recosto, esqueço a vida que me oprime. Não me dói senão ter-me doído.

(Livro  do Desassossego por Bernardo Soares. Fernando Pessoa)

"A liberdade é a possibilidade do isolamento.(...) Se te é impossível viver só, nasceste escravo"  
Acho que é disso que ele vinha me falando...Agora entendo, mas ainda parece difícil. 

terça-feira, 10 de abril de 2012

What a day...

You had a bad day...

Sério que as vezes seria muito mais simples se as coisas todas se conciliassem, se os planos que voce passou o fim de semana fazendo não te dessem uma bica na boca tão de cara assim. Se reconhecer que voce precisa amadurecer pra aprender a lidar com uma série de coisas ja bastasse.
Poxa, que dia dificil... Olhando de fora pode até parecer um dia bobo e pequeno. Mas aqui dentro de mim gerou tanto conflito. Porque a gente gosta da pessoa, tem carinho por ela, entende as razoes disso e ao mesmo tempo imagina que seria -paleativamente- mais facil sem sela? Eu queria umas férias das pessoas as vezes... pelo bem do sentimento, sabe? Pela manutenção do carinho e do afeto. Pela minha manutenção.
As minhas contradições, meus defeitos, os defeitos da minha familia, dos meus amigos, das minhas verdades estão sendo refletidos em outros e em familia e amigos de outros, em verdades de outros, enfim...
Que merda de dia chato, que me cansou, que me tirou do sério, que me fez sorrir sem ter vontade, que me impede de chorar por incapacidade e que termina sem a sensação de se estar em casa nem mesmo na hora de dormir. E voltar pra casa dos meus pais também não me daria essa sensação.
Que dia ruim, que sensação chata...

And I don't need no carryin' on
"Nós dois temos encontro marcado, eu só não sei quando..."

Na boa Jorge Vercilo s2, todo mundo já sacou que foi pra mim que você escreveu essa música.
Beijos pra você também, lindo. A gente se esbarra por ai...

(Ok, dai eu acordo. hueahueahueahueauha)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Laços e Nós

A aprendizagem diária, constante, que consegue ser dolorida e prazerosa ao mesmo tempo. A didática que me alcançou e me modificou, na espessura do meu ser, da maneira mais profunda e superficial, mais incrível e nítida. 
A lição que nunca cessa de ser ministrada, pela vida, pela família, pelos amigos, pela solidão... 
Tem certas coisas que a gente jamais termina de entender, que a gente jamais vai saber viver integralmente, da forma mais correta. Porque não há o correto, não há o ideal. O que há, verdadeiramente, é a sua forma de lidar com seus aprendizados, e o seu empenho em alcançar os outros da melhor forma que puder, da forma mais sensível e mais autêntica que for possível. O coração do outro pode ser terreno onde ninguém pisa o tempo todo, mas, não necessariamente deve ser terreno inacessível.

Hoje foi o Mário Quintana que me alcançou e me fez conversar comigo, assim que o reli advertindo: 
"Não prenda, não aperte, não sufoque.
Porque quando vira nó, já deixou de ser laço."

e percebi que eu entendi, não o que ele quis dizer, pois só ele o sabe, mas a forma única como isso tem se aplicado gradativamente na minha vida. Valeu Quintana! ♥ 

terça-feira, 27 de março de 2012

Santos

Yesterday, when you were young, 
everything you needed done was done for you.
 Now you do it on your own 
but you find you're all alone, what can you do? 

You know there will be days 
when you're so tired that you can't take another step. 
The night will have no stars and 
you'll think you've gone as far as you will ever get!
Go where you want to go
Be what you want to be, 

If you ever turn around, you'll see me.
I can't really say why 
everybody wishes they were somewhere else. 
But in the end, the only steps that matter 
are the ones you take all by yourself.


You and me walk on
Cause you can't go back now.


Outra da série "Músicas falando por nós" :)


sexta-feira, 23 de março de 2012

Cedo fui obrigada a reconhecer, sem lamentar, os esbarros de minha pouca inteligência, e eu desdizia o caminho. Sabia que estava fadada a pensar pouco, raciocinar me restringia dentro de minha pele. Como, pois, inaugurar agora em mim o pensamento? E talvez só o pensamento me salvasse, tenho medo da paixão.
A Paixão segundo G.H. - Clarice, linda, acabando comigo :)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Eu hoje.

Na paz interna que se mistura e atravessa a correria externa eu me encontro. Ora penso que não vou dar conta e o cansaço me faz querer chorar. Ora reclamo, mudo bruscamente de humor, capitulo... Até quando um vento sopra forte o bastante para me abrir a janela e permitir a luz de entrar: tudo sempre há de se ajeitar :)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Nevoeiro

Olha lá a cabeça embananando de novo. Criando expectativas, exigindo demais de mim, exigindo demais dos outros, perdendo controle das emoções, agindo de maneiras mal pensadas, exagerando, sensibilizando-se com tudo e todos, deixando de fazer diferença na vida dos outros, gerindo frustrações, magoando a outros e a mim. Vontade de voltar ao casulo, me proteger de mim e de fora. Mas eu bem sei que foi-se o tempo de se esquivar do que incomoda. Vamo la, May, se você não quiser crescer, vai ser ainda mais doloroso esse processo.

Sem preconceito ou mania de passado
Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar
Faça como o velho marinheiro
Que durante o nevoeiro
Leva o barco devagar ♪

(Descanse em paz, tio! Não deixa de tomar conta de quem vai sentir sua falta por aqui... )

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Mais um pouco de transporte público

(QUARTA FEIRA, ÔNIBUS)
                Prestando atenção ao redor podemos perceber quanto é engraçada a vida nos transportes públicos. Estava eu a caminho de uma reunião, num dia em que tudo que estava planejado já não estava dando certo. Resolvi me desligar um pouco da minha vida e atentar meus ouvidos à vida alheia. Não precisei ir muito longe para encontrar algo interessante.
                A moça que estava sentada ao meu lado no ônibus atende ao telefone em tom de revolta e já começa a reclamar. Uma conversa de no máximo 15 minutos, e a senhorita já despia sua ira! Conversava com a amiga ou talvez o marido e reclamava do atendimento que ela teve no dentista. Disse que já estava processando a clínica, que a situação era absurda e que ela não poderia deixar passar em branco. Até aí sem problemas... quem de nós nunca se sentiu desrespeitado ou mal atendido em tantos lugares e não quis “correr atrás de seus direitos”? Ela o fez.
                Minutos depois ela responde: “Terminei, terminei a faculdade, agora eu to indo pra pós-graduação. Mas eu já entrei com um processo contra aquela porcaria de faculdade. Eu não podia deixar passar a bagunça que aconteceu com a correção dos meus trabalhos, com os boletos bancários... Não dava! Danos morais, claro, com certeza. O processo já está aberto!”. Nesse momento você ainda pensa, no mínimo, que essa mulher é o que minha avó chamaria de ‘arretada’. Sabe as destemidas? Ela é dessas.
                “Ah não, mas eu estou indo de ônibus. Eu comprei o carro, lembra? Carro bom, custou caro até e já deu problema. Entrei no site da Peugeot e vi várias pessoas reclamando do mesmo problema. Como resposta falaram que era anomalia do câmbio automático... Não me convenceram!!”. Então eu logo deduzi que a mulher já estava com o processo contra a Peugeot totalmente encaminhado e que não tinha pra ela, até que ela solta: “Mas eu vou esperar o processo contra a empresa de inseticida encerrar e depois eu começo esse contra a Peugeot”.
                Fiquei assustada. Ela se levantou pra ir embora e eu nem olhei nem sorri pra ela.  Escondi meu celular em que eu estava contando sobre ela às minhas amigas por mensagem de texto e fiquei bem quietinha na minha. Vai que ela me achasse uma desaforada e decidisse me processar... Saindo do ônibus ela disse ao telefone, em tom de novidade: “ah, mas eu tenho ido sempre às pequenas causas viu?! Você pode não acreditar, mas agora eu não saio de lá. To sempre começando um processo ou outro, não deixo mais nada passar... o pessoal já até me conhece por lá”. 
                 Ah amiga, jura? Sério mesmo?  Eu nem imaginava! E ainda dizem por ai malandro é o MST que não leva desaforo pra casa...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Jorge Vercilo, no dia que quiser me pegar, é nois.
HUEAUHEAHUEAHEAUHEAUHEAUHEA -not.
Mas sério, pqp, quanta música linda/sensacional!

Terça-Feira, CPTM

Era um dia dos mais comuns. Eu saí para almoçar com um amigo que não via há um tempo. Como o combinado era a estação do Tietê, longe da minha casa, optei pelo transporte público e fui de trem, depois seria metrô. Quem nunca presenciou ou nunca ouviu falar dos tipos de figuras que encontramos num vagão de trem, provavelmente vive em Nárnia, e não aqui! Em pleno meio-dia, sol a pino, as pessoas com calor e vestidas com a liberdade que o verão permite, dividiam vagão com um cidadão, digamos, atrevido.
O rapaz decide, por alguma razão, que vai seduzir com vigor as senhoritas que estão ao seu redor, inclusive eu, e (Deus abençoe a ironia) ele realmente coloca o plano em ação! Sem pensar muito, sem se preocupar em desagradar ou desrespeitar, o jovem se empenha nos carões mais descarados e em poses que ele devia realmente julgar sensuais... e na cabeça daquele moço devem transbordar 1001 maneiras provocantes de segurar e se apoiar no ferro, em pé, num vagão de trem.  Santa eficiência!
O triste foi a cara de decepcionado da criatura ao ver as jovens do vagão indo embora. Ele provavelmente acreditava em feedbacks como sorrisinhos, talvez algum número de telefone, ou quem sabe “pisadelas e beliscões” que lhe rendessem ao menos um encontro. Nada disso parece ter acontecido.
E o jovem provavelmente vai continuar apostando no seu charme inquestionável. Afinal de contas as mulheres é que devem ser cegas ou estranhamente imunes às táticas de sedução infalíveis do garoto porque com os tantos truques incríveis é que não há nada de errado, claro. Já não se fazem mais paqueras como antigamente!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A gente fica aflito, agoniado, questionante e receoso. Mas acontece que as coisas sempre vão se ajeitando. ;D

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TPM em dia nublado: um excelente dia.

Mesmo em dias nublados, em dias em que nosso humor está tão mau que nem nós aguentamos com nós mesmos, ainda acontece de haver plenitude e auto-reconhecimento que nos despertem orgulho de ser quem somos. Ainda ontem eu estava em dúvidas sobre o que eu tinha conquistado até hoje, em São Paulo, Santos ou onde quer que  fosse... Estava com medo de voltar à rotina, de encarar novidades nela e não saber lidar com isso. E a quem eu queria enganar? Eu não vou mesmo saber lidar com isso. É novo, é incerto, é duvidoso. E tendo passado uma fração de segundo do momento de segurança, já é novo, incerto e duvidoso mais uma vez. Mudou, afinal.
 É que nossa vaidade e insegurança são tão incisivas que por vezes cobram de nós mesmos que saibamos o nosso valor, o nosso papel. Mas tanta exigência com alguém que vai passar todos os dias da nossa vida conosco (nós mesmos)... parece injusto com nosso melhor e mais duradouro companheiro.
Não que eu esteja bem resolvida comigo e me sentindo segura em todas as minhas relações -longe disso!. Mas o dia de hoje me trouxe calma e luz, por mais turbulento e escuro que eu apostasse que ele seria. E quão valiosos são dias assim!
E tem gente que nem imagina, mas tendo participado do meu dia hoje, participou de um abrir de olhos indescritível na minha vida. Vou me abster de colocar os nomes aqui, mas com algumas conversas com amigos, alguns risos entre família e a espontaneidade de alguém que você ama e que se identifica com você, percebemos não só o nosso valor nas nossas relações. Mais importante que isso: nos damos conta da fundamentalidade de cada uma dessas relações na nossa vida. Quão ingênuos somos quando desdenhamos ou nos privamos de evoluir e descobrir a beleza da nossa interação sincera com o mundo, com a natureza, com as pessoas e com nós mesmos!

Pra variar eu to lendo o que eu acabei de escrever e parece não ter muito sentido. Maaas o blog é de quem? Então pronto! Vou deixar aqui um trecho do Jarbas Leite de Albuquerque que aparece no início do livro "O Mundo de Sofia" e que eu gostei de cara quando li:
Talvez a verdade seja uma questão de ponto de vista 
e a mentira um ser mutável
que igual à larva da borboleta com o tempo torna-se aceitável 
Ficando a critério de cada um escolher a sua verdade, 
A mais agradável. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

19 semanas - U.S

Mais um pouco do som de seu coração, somados à delicadeza de seus movimentos, anunciando que a preocupação que nos corroía até então, nada mais era que sua preguiça! Passa o susto, fica a alegria.
Pequena criança cujo rosto não sei descrever, mas já não esqueço.
Capaz de iluminar um dia, uma semana, um mês inteiro. Curiosidade tamanha e ansiedade tal que nos colocavam ao avesso. Obrigada por trazer tanto Amor e alegria ao meu coração. Confesso crer que não mereço! ♥

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Mulher alta

Achei num blog que a Bru me mostrou. Gostei desse texto. Salvos alguns excessos, tem coisa ai que procede!

"Não há maior solidão do que a da mulher alta.
É uma dificuldade secreta, que ninguém fala.
Mas o homem prefere uma mulher gorda a uma mulher alta.
Prefere uma mulher nanica a uma mulher alta.
Não diz, mas prefere.
É um machismo. O mais vergonhoso: o machismo silencioso.
O machismo de se sentir menor do que a mulher e rejeitá-la antes de qualquer contato.
Como se a altura fosse determinar se ele é macho ou não.
Homem teme mulher alta. Se a mulher tem mais de 1 metro e 80, ele desaparece.
Só quer mulheres menores do que ele. Para dominar.
Vergonha de andar de mãos dadas com mulher maior do que ele.
Vergonha de abraçar uma mulher maior do que ele.
Vergonha de dançar com uma mulher maior do que ele.
Homem pensa que ele é baixo porque ela é alta. E afasta todas as mulheres altas de sua vida, para fingir que não é baixo.
Não há maior sofrimento do que da mulher alta.
Porque ela não é feia e é tratada como se fosse um monstro.
Não há maior tristeza do que da mulher alta.
Sempre chamada de girafa, sempre convocada para ser jogadora de basquete, sempre solicitada para pegar alguma coisa lá da última prateleira. Confundem a mulher alta com uma escada simpática.
Mulher alta sofre o pior bullying amoroso. Precisa de homem de coragem, não de homem egoísta, homem que somente pensa em si e na aparência.
Não importa que seja um pequeno homem, desde que não seja um homem pequeno."

Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

"Alguma coisa acontece no meu coração..." Eu não sou emocionalmente nem 40% do que eu era quando as férias começaram. Mudanças...


    Eu amo tudo o que foi,
    Tudo o que já não é,
    A dor que já me não dói,
    A antiga e errônea fé,
    O ontem que dor deixou,
    O que deixou alegria
    Só porque foi, e voou
    E hoje é já outro dia.
    Fernando Pessoa, 1931.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

    Outros terão
    Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
    A inteira, negra e fria solidão
    Está comigo.
    A outros talvez
    Há alguma coisa quente, igual, afim
    No mundo real. Não chega nunca a vez
    Para mim.
    "Que importa?"
    Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
    Nem um casual mendigo à minha porta
    Sentar-se veio.
    "Quem tem de ser?"
    Não sofre menos quem o reconhece.
    Sofre quem finge desprezar sofrer
    Pois não esquece.
    Isto até quando?
    Só tenho por consolação
    Que os olhos se me vão acostumando
    À escuridão.
    Fernando Pessoa, 13-1-1920.