domingo, 13 de maio de 2012


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.

(Não Sei Quantas Almas Tenho,
 Fernando Pessoa)




Um comentário:

  1. não, vc não está sozinha...
    ainda mais quando eu estiver aqui ainda!
    vc é linda em todas as suas postagens e sim eu sinto a sua falta e disso eu já falei mais não me canso de falar!
    ultimamente ando agradecendo a Deus por não ter tirado vc totalmente da minha vida e que só cabe a mim agora a cutivar essa amizade!!!
    eu te amoo vetoooor!!!

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