sábado, 18 de fevereiro de 2012

Mais um pouco de transporte público

(QUARTA FEIRA, ÔNIBUS)
                Prestando atenção ao redor podemos perceber quanto é engraçada a vida nos transportes públicos. Estava eu a caminho de uma reunião, num dia em que tudo que estava planejado já não estava dando certo. Resolvi me desligar um pouco da minha vida e atentar meus ouvidos à vida alheia. Não precisei ir muito longe para encontrar algo interessante.
                A moça que estava sentada ao meu lado no ônibus atende ao telefone em tom de revolta e já começa a reclamar. Uma conversa de no máximo 15 minutos, e a senhorita já despia sua ira! Conversava com a amiga ou talvez o marido e reclamava do atendimento que ela teve no dentista. Disse que já estava processando a clínica, que a situação era absurda e que ela não poderia deixar passar em branco. Até aí sem problemas... quem de nós nunca se sentiu desrespeitado ou mal atendido em tantos lugares e não quis “correr atrás de seus direitos”? Ela o fez.
                Minutos depois ela responde: “Terminei, terminei a faculdade, agora eu to indo pra pós-graduação. Mas eu já entrei com um processo contra aquela porcaria de faculdade. Eu não podia deixar passar a bagunça que aconteceu com a correção dos meus trabalhos, com os boletos bancários... Não dava! Danos morais, claro, com certeza. O processo já está aberto!”. Nesse momento você ainda pensa, no mínimo, que essa mulher é o que minha avó chamaria de ‘arretada’. Sabe as destemidas? Ela é dessas.
                “Ah não, mas eu estou indo de ônibus. Eu comprei o carro, lembra? Carro bom, custou caro até e já deu problema. Entrei no site da Peugeot e vi várias pessoas reclamando do mesmo problema. Como resposta falaram que era anomalia do câmbio automático... Não me convenceram!!”. Então eu logo deduzi que a mulher já estava com o processo contra a Peugeot totalmente encaminhado e que não tinha pra ela, até que ela solta: “Mas eu vou esperar o processo contra a empresa de inseticida encerrar e depois eu começo esse contra a Peugeot”.
                Fiquei assustada. Ela se levantou pra ir embora e eu nem olhei nem sorri pra ela.  Escondi meu celular em que eu estava contando sobre ela às minhas amigas por mensagem de texto e fiquei bem quietinha na minha. Vai que ela me achasse uma desaforada e decidisse me processar... Saindo do ônibus ela disse ao telefone, em tom de novidade: “ah, mas eu tenho ido sempre às pequenas causas viu?! Você pode não acreditar, mas agora eu não saio de lá. To sempre começando um processo ou outro, não deixo mais nada passar... o pessoal já até me conhece por lá”. 
                 Ah amiga, jura? Sério mesmo?  Eu nem imaginava! E ainda dizem por ai malandro é o MST que não leva desaforo pra casa...

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