sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Devaneio

É como se pensamentos e emoções - constantemente articulados- transbordassem dúvidas já respondidas, mas das quais não se afastaram as interrogações.
Como se a lagoa perene na qual se descansava há um segundo, agora apresentasse ressacas e correntezas contra as quais estamos nós mesmos, a nos saciar e a nos afogar.
A calmaria aparente, retratada na parede das lembranças mais recentes, desmorona e se desintegra. Organizam-se quadros caóticos, não assinados, evitados. Não se pode ignorá-los.
Somos emoção, somos razão. Somos lagoa, somos mar, somos oceano, somos goteira, somos deserto (de certo!). Ainda que ao sobrarmos pensemo-nos tudo, em verdade nada somos, senão, sertão.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Dia de merda

É aquele dia em que você não se coube,em que você não se quis - você está cheio de si, de tão vazio que se fez.
É quando você não sorriu, como não conseguiu derramar o pranto que os olhos quiseram - de lá ele retornava.
É aquele dia em que sol te queima e a chuva que você deseja, quando vem, não refresca - quando a chuva chove dentro, a chuva abafa, a chuva sufoca.
É quando você se imagina abandonando o seu mundo. Correndo, gritando, chorando - e não chora.
É aquele dia em que talvez você queira que sua angústia ecoe, incomode ou ao menos soe - e se mantém atônito, indignado e incapaz.
É quando suas emoções te transbordam e ainda assim tudo o que você é, pensa e diz
falta.