quinta-feira, 4 de setembro de 2014

revoluciamar

o que seria, a mola propulsora dos atos de coragem, das dúvidas perigosas, das ideias transformadoras, das pequenas e grandes revoluções... senão o amor?
o que seria combustível de criatividade, inspiração pra poesia, azeite pra máquina última a ser substituída por nós e por nossa maquinaria-sentimental-demaquilada-impetulante-inconsequente, senão o amor?
o que seria fertilizante para os pensamentos e imaginações mais ousados, marginais, delinquentes, bonitos, apaixonados, inteligentes, inteligíveis... senão o amor?
os grandes políticos, conservadores e fomentadores de um sistema que muito bem funciona para que nada de novo aconteça, do que teriam eles mais medo, senão do amor?
e o amor, como capturá-lo, senão pelo roubo do tempo sensível-criativo-fluido-anacrônico de que dispomos (ou dispusemos) para vivê-lo? senão pela captura das relações em sua dimensão mais rica e multiplicadora: a dimensão dos encontros muitos que nos convocam a dar conta da alteridade, a buscar contorno na diferença... ?
como capturar a sede de amor, senão institucionalizando-o, banalizando-o, ou travestindo-o de tédio, preguiça, descrença e desalento?
há que se tomar cuidado com terras nas quais o amor é acreditado vão, inútil e ultrapassado... essas sim: tediosas, preguiçosas, descrentes, e, principalmente, desalentadas... há, no entanto, que se tomar cuidado, e não que se tomar remédio, repulsa, ou repressão frente a elas. terras descrentes não são inférteis. para tudo haverá espaço e alento, havendo espaço para amar. há que se cogitar que qualquer solo se faça fértil e frutífero quando se lançam nele sementes regadas por laços e alianças, por confiança, por apostas nas diferenças, por atenção às (in)certezas, por atenção aos conflitos, ao caos... e por amor.
há que se perguntar por que desagrada o nosso amor e a nossa capacidade de amar. de amar de forma pequena e simples, ampla e gigante. há que se perguntar porque desagrada nosso amor e nossa capacidade de amar as pessoas, as experiências, a natureza... de amar os encontros, a curiosidade, as possibilidades. há que se perguntar por que desagrada o nosso amor e a nossa capacidade de amar as pessoas e as possibilidades. há que se perguntar e que se manter teimoso e alegre. justamente porque são essas -as pessoas e as possibilidades - que, uma vez lançadas em processos de aliança, confiança e amor, são capazes e potentes o bastante para promoverem mudanças... aah, e as mudanças... !
há que se compreender que a mudança não é quista por quem se contenta com a vida e a disposição das coisas, das leis, da sociedade tal qual elas se dão atualmente. há que se compreender que a mudança é temida por quem está avesso às diferenças, e que isso não é inocente, não é obra do acaso. há que se compreender que as tentativas de mudança serão boicotadas por quem teme o amor.
há que se compreender, então, que acreditar e encabeçar as mudanças é também um gesto de coragem, de risco, e  que investir no incerto pode ser também um movimento político, criativo.
há que se compreender que nesses tempos de anestesia e manutenção do estado preguiçoso das coisas, investir e apostar em mudar é, imediatamente, investir e apostar no amor. e o amor, sim, é continente para infinitas possibilidades de vida, de encontro, de existência e de transformação.

amemos, pois!
para que no asfalto outras tantas flores novas e inimagináveis estejam à vontade, e floresçam(-nos).

"Qualquer amor já é
um pouquinho de saúde
um montão de claridade
contribuição
pra cura dos problemas da cidade"

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