segunda-feira, 1 de setembro de 2014

esses meninos

Tenho pensado um montão nesses meninos...
Nesses que não escolheram ser ladrões, marginais, que não pediram para ser "independentes", muito menos para serem sozinhos. Nesses meninos que saem pelo Brasil, batendo carteira, bagunçando nas feiras, chamando nossa atenção pra vida de abandono que levam, pras dores que assolam essas existências, no litoral, no sertão, na capital, no interior. Nesses moleques de pele queimada, barriga vazia e boca cheia de respostas, prontidão, palavrão... Nesses pivetes atrevidos, sem eira nem beira, que arriscam suas peles, suas crenças e seus sonhos em troca de pão, em busca de atenção. Nesses meninos que vivem às margens, sendo ignorados, lidando com indiferença, ou ouvindo de desconhecidos: "marginal", "delinquente", "ladrão".
Tenho pensado um montão nesses meninos... que, ainda assim, se arriscam a brincar, sorrir e que as vezes, penso, caem a chorar... calar... tenho pensado no peso do acolhimento, cuidado, carinho, atenção, alimento, cobertor, educação, cultura, parquinho, leite, ovo e pão.
Tenho me perguntado se não seria eu também um desses meninos, vivendo nesse universo sem condição. Não sei que caminhos eu escolheria se tivesse eu que gritar por alimento e atenção. Não sei nem se minhas pernas teriam força para seguir algum caminho, se em todo caminho eu fosse vista como a causa, o problema e a sujeira da questão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Diz ai!