sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

sonho que se sonha só

Sonho, e a maior parte desse universo onírico recebe a mesma visita, da mesma imagem, nos sonhos mais bonitos e mais difíceis que já vivi. E cada sonho é assim: uma experiência, um encontro, uma vivência. Sonho um rosto conhecido, mas que eu só posso ver em breves nuances. Sonho uma voz de acalanto, e uma risada doce, mas que eu sou impedida de escutar. Sonho um conforto e um colo familiar, ao qual eu sinto que pertenço, mas que parece não me caber mais. Sonho conflitos... O conflito dos prazeres, o conflito do sonho que me invade de realidade, dor, carinho e saudade. O conflito e a dor que se produzem sutis em vigília, mas me violentam durante os sonos mal dormidos. Ainda que durma por horas a fio, não sinto descanso. Sonho, canso. É como se estar imergindo, incessante e exaustivamente em questionamentos e afetos que mobilizam e vão constituindo, vão destruindo. Não se trata mais de pensamentos de vigília que me visitam em quimera, tampouco pode-se dizer de realização de desejo que se dê nos sonhos. Não se trata mais de algo que eu consiga nomear. As palavras que conheço, juntas, parecem não dar conta de nomear esse...isso. Mas o nome é o menor dos problemas. Eu tenho mesmo preguiça dessa mania de inventar tanto nome pra tudo. As palavras traem.

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