segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Plaft


Ela voltava pra casa distraída, tomando chuva pela rua. Cabelo molhado e despenteado pela água e pelo vento, pensamentos todos embaralhados próximos às nuvens que a inundavam...
Se aproximou do farol e escutou do garoto que ali faz malabares qualquer murmúrio que rapidamente interpretou como pedido de dinheiro. Voltando o pensamento de súbito para o chão, respondeu sem muito pensar:
- Não tenho nada, amigo. Perdão.
- OOOOIIII!! ESTÁ TUDO BEM????  - repete o menino, em voz alta e pausadamente, para que ela compreenda de verdade a pergunta que ele lhe havia feito e que ela havia respondido sem ao menos ter escutado.
Desnorteada, ela continuou seu enredo de volta para casa, com as mãos no peito e o pensamento no chão, e o pensamento no farol, e o pensamento no garoto, e o pensamento nela. As mãos no peito, ela sabia, não a ajudariam em nada: ela ainda não se sentia, não enxergava e nem se escutava. O garoto-palhaço-malabarista do farol acabara de abrir um buraco em sua alma... E a alma quando dói, ela dói tanto em silêncio que até ensurdece.

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